terça-feira, 2 de outubro de 2012

Construa, mas fuja do orgulho

“Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo. E o mundo passa, e a sua concupiscência, mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre.” – 1ªJoão 2:16-17

"“Ministro do púlpito” apresentou o orador: "Temos a honra de ter um distinto convidado. O Dr. Paulo, de Tarso, dedicará nossas novas instalações de 7,3 milhões de dólares, que é aclamada através de toda Jerusalém. É muito bom ter um irmão tão estimado conosco. O Dr. Paulo tem um doutorado em teologia da Universidade de Jerusalém, e tem pregado em algumas das nossas maiores igrejas. Também, ele fez trabalho missionário nas principais cidades da Europa. Não há ninguém maior entre nós. Queiram dar-lhe as boas-vindas com uma entusiástica salva de palmas."

Li a citação acima de um exemplo existente num artigo. Conquanto fora do caráter do Novo Testamento, isto é bastante comum, nos dias atuais. Como é sutil a "soberba da vida".


Primeiro ponto é analisar o que seja o orgulho (arrogância, vaidade). O orgulho tem seu gênesis em Lúcifer e consequentemente na queda.  A bíblia diz que Lúcifer, tomado de orgulho, desejou ser igual a Deus e maior que todos, e com esse ego-absoluto caiu e passou para toda a humanidade esse “vírus” de orgulho, quando propôs aos nossos pais a possibilidade de serem iguais a Deus, isso gerou em todos nós um “ego-absoluto” que não admite ser contrariado, e que carrega o desejo de ser mais que os outros, e estar acima dos outros, ser melhor que os outros, e de olhar os outros de cima para baixo.
Observando isso é possível citar pelo menos, quatro manifestações de orgulho: honrando indevidamente, ou de forma indevida, os homens;  competindo com as diferentes denominações (ou dentro delas) na construção de Templos;  apelando para mentes carnais, citando realizações mundanas; e medindo a grandeza pelo tamanho.
Geralmente é considerado “Dê honra a quem a honra é devida” (Rm 13:7), porém é necessário agir em real conformidade com a Palavra. Não é difícil ouvir, principalmente em congressos, oradores elogiados e exaltados por, pelo menos, duas apresentações e aplaudidos antes e depois dos sermões. Há anos que as reuniões evangélicas anunciam o "Dr. Fulano". Os boletins de igrejas incluem a lista de auxiliares, "Dr. Sicrano" e "Dr. Beltrano", diferenciando dos homens de menor escolaridade que são relacionados simplesmente pelos seus nomes. Certamente os homens ganham o direito profissional de ser chamados "doutor", mas com que proveito são esses títulos usados num ambiente espiritual? Será disso que Mateus 23:1-12 trata? Há honra maior do que ser um "irmão" em Cristo? É importante respeitar e estar feliz com  as realizações dos irmãos, e é possível se referir à eles como "doutor" em um ambiente profissional, mas não foi  o "Dr. Fulano" convidado para "nos dirigir numa oração ou para ministrar o sermão e sim um servo de Deus".
O mesmo é possível diagnosticar um erro existente na política, onde pastores, padres, missionários, entre outras nomenclaturas que mostram a religiosidade do indivíduo, quem está se candidatando é o cidadão fulano e não o contrário (mas sempre exemplar por ser servo e possuindo um chamado ao ministério pastoral, por exemplo).
É necessário deixar claro que não há nada de errado com edifícios atraentes e úteis, mas estamos construindo ferramentas para o serviço a Deus ou obras espetaculares para atrair o mundo? Qual são os reais objetivo e intenção?  Será que essa construção é a cara da comunidade ou seria melhor investir esse capital, por exemplo, num trabalho social?
Damos graças a Deus pelo crescimento, mas o crescimento pode dar ocasião ao orgulho, e isso não é a única medida do sucesso espiritual. É triste observar a importância dada por alguns à números de batismos, de classes sociais dentro dos templos, ...  É verdade que  Atos fala de 3.000 e 5.000 almas, e como o número multiplicava, porém não na linguagem do orgulho!
Tais atitudes são carnais, apelando para o orgulho carnal dos homens. Paulo repreendeu os coríntios porque "ainda sois carnais...e andais segundo o homem"? (1 Coríntios 3:3). Ele lembrava-os de que "as armas da nossa milícia não são carnais" (2 Coríntios 10:4). Nós, também, podemos cair em tal erro se não prestarmos atenção em tais passagens como Tiago 2:1-9, que nos adverte contra este apelo à carne, ao carnal, mostrando acepção de pessoas quando cortejamos os ricos e ignoramos os pobres.


Porque a resposta do evangelho a esse pecado é o amor. Quando amamos ao outro como Jesus nos amou, o orgulho não encontra guarida em nossa vida (FL 2:3-11);  Quando estamos rendidos ao Espírito Santo, manifestamos seu fruto: humildade (GL 5:22)
Mas o Espírito de Deus produz ... a humildade. Que o Espírito de Deus, que nos deu a vida, controle também a nossa vida! Nós não devemos ser orgulhosos.
Preguemos e ensinemos até não podermos mais, mas usemos o poder de atração de um Cristo exaltado —o evangelho— e não procuremos engodar os homens através de apelos carnais (João 12:32; 1 Coríntios 2:1-5).
Ao Senhor seja a glória!

Nenhum comentário:

Postar um comentário