“E,
respondendo ele, disse: Amarás o Senhor teu Deus com todo teu coração, e com
toda a tua alma e com todas as tuas forças e com todo o teu entendimento, e ao
teu próximo como a ti mesmo [...]Mas ele, querendo justificar-se, disse a
Jesus: E quem é o meu próximo?” - Lucas
10:27,29
O
doutor da Lei tentou colocar Jesus na defensiva, para forçá-lo a justificar-se. E agora, de repente e
inesperadamente, é esse sábio que está no local. Ele agora se sente obrigado
a justificar-se. E
ele tenta fazer isso com uma nova pergunta a Jesus. Algumas pessoas nunca
aprendem! Nosso
texto diz, "tentando justificar-se,
ele perguntou: Quem é o meu próximo?". É fácil supor que a razão pela qual o doutor se sinta tão
desconfortável, com o mandamento de amar o seu próximo, é porque ele sabe que
seu amor ao próximo é deficiente. E ao refletirmos, é possível enxergar que atualmente não é diferente.
Será
que não desejaríamos ter tido um debate com esse doutor da Lei, sentado ali
casualmente com as mãos em seus bolsos, e depois virar e perguntar-lhe:
"Você não leu a lei?" E ainda poderíamos ironicamente perguntar-lhe:
"Será que o Antigo Testamento ensina que há um conjunto de leis para os
judeus, e outro conjunto de leis para os gentios?", de imediato falaria
sobre Levítico 19:34 qual diz: "O estrangeiro vivendo com você deve ser
tratado como um de seus nativos. Ame-o como a ti mesmo".
Mas Jesus como Sábio Mestre não leva este homem à parte, mesmo que teria sido
fácil para ele fazê-lo, Jesus
simplesmente responde à questão, contando uma história, a história do Bom
Samaritano (Lucas 10:30-36).
É
interessante tomar nota do que o texto não diz, e então considerar o que diz. Nesta história, podemos ser
tentados a assumir coisas que não são ditas. Por exemplo, Jesus diz: "Um homem descia de Jerusalém"(há
uma outra versão que diz: "Certo homem descia de
Jerusalém."). Enquanto Jesus deixa claro que os dois viajantes (o
sacerdote e o levita) são judeus, e que o herói é um samaritano, não nos é dito
as origens raciais da vítima. A
razão é simples: não importa. E
se isso importasse para os dois primeiros viajantes, não importa para nós. A única coisa que importa
sobre que o homem é a única coisa que nos é dito sobre ele, que ele está
gravemente ferido e precisando de ajuda! O homem havia sido assaltado. Ladrões o alcançou, batendo e o privando de suas vestes, e, em seguida, o deixaram
deitado à beira da estrada, meio morto. Este homem precisava de
ajuda. Isso
é o que importa, e é isso que o texto nos diz. Não se importa se é um judeu
que precisa de ajuda ou um gentio. Não há um ser humano deitado
à beira da estrada, que está gravemente ferido e que precisa desesperadamente
de ajuda.
Dois
exemplares do judaísmo vieram sobre o homem ferido enquanto fazem seu caminho
ao longo da mesma estrada. Estes dois homens parecem estar ali por acaso (ver versos 31 e
32). Creio que eles não têm qualquer negócio urgente, que
poderia ter impedido-os de parar para prestar ajuda, é bem provável que tivesse
acabado de sair do Templo (que era em Jerusalém) e estava retornando para casa. Estes dois
homens, o sacerdote e o levita, pertencia a uma classe judaica, ambos eram
profissionais religiosos, se alguém era esperado para realizar a lei do Antigo
Testamento, seria desses homens.
É
notado de forma bem clara, nessa história contada por Jesus, a diferença de
comportamento dos religiosos e do Samaritano. Há alguns estudiosos que dizem
que os religiosos poderiam estar com medo de serem alvos de salteadores (como
acontece muito hoje, devido a violência existente), mas entendo que a intenção
foi a de “não querer se envolver nesse problema” ... “Não é o meu problema”... “não
é conhecido meu”... (o que infelizmente não foge da realidade atual). A compaixão
existente no Samaritano foi a diferença fundamental entre os três personagens
em questão.
A hostilidade dos judeus pelos
samaritanos é bem clara em algumas passagens da Bíblia, principalmente no Novo
Testamento (exemplo de Lc 9:51-55), então é fácil imaginar a reação do doutor
da lei em ouvir a essa Parábola. Dois judeus,
ocupando os cargos mais conceituados religiosos em Israel, deliberadamente
ignorado às necessidades de uma indefesa vítima de roubo, meio morto. Ao invés de
ajudá-lo a eles simplesmente escolhemos olhar para o outro lado. E agora,
aproximando-se da cena do mesmo crime, vem um samaritano, o degrau mais baixo
possível na escada social judaico. Este samaritano, ao contrário, do sacerdote e do levita,
tem uma razão para sua viagem. Ele está em uma viagem. Se alguém
pudesse desculpar-se de envolver-se, foi este samaritano. Mas quando ele
viu o homem deitado à beira da estrada, ele reagiu de uma maneira muito
diferente. O samaritano, ao contrário do dois judeus religiosos, sentiu
compaixão para com a vítima (Lc 10:33).
Na
conclusão da história, Jesus faz ao doutor da lei, judeu, uma última pergunta: "Qual destes três você acha que provou ser o próximo do homem que
caiu nas mãos dos salteadores?" O doutor da lei realmente engasga com suas palavras aqui. Ele não pode
encontrá-lo em si mesmo, até mesmo pronunciar a palavra "samaritano",
e assim ele responde: "Aquele que usou de
misericórdia para com ele."
Enfim,
Jesus nos desafia a perguntar a nós mesmos “se somos ou não bons para com o nosso
próximo”... para com aqueles em necessidade, seja materialmente, espiritualmente
ou emocionalmente. Isso é o que a verdade da Palavra de Deus é: “Para ser
bem compreendida, senti-la e, em
seguida, vivê-la”.